
A Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP) é um encontro global anual onde líderes mundiais, cientistas, organizações não governamentais e representantes da sociedade civil se reúnem para discutir ações para combater as mudanças do clima.
Considerado um dos principais eventos sobre o tema desde sua criação, em 1995, a COP se consolidou como espaço de negociação multilateral sobre mitigação e adaptação climática. Contudo, sua evolução histórica evidencia desafios na integração entre preservação ambiental e desenvolvimento econômico, especialmente para países como o Brasil, cuja economia está profundamente entrelaçada à produção agrícola e à proteção de vastos biomas.
A COP 30, marcada para ocorrer em Belém, no Estado do Pará, em novembro de 2025, constitui uma oportunidade histórica para que o Brasil reafirme sua liderança climática global, sem abrir mão de sua soberania e de suas especificidades produtivas. O país, com sua rica biodiversidade e liderança no agronegócio, tem o desafio e o dever de apresentar ao mundo que a preservação ambiental e a produção agrícola são interdependentes e mutuamente benéficas, mostrando um equilíbrio que reconheça o protagonismo dos produtores rurais como agentes de sustentabilidade, ao mesmo tempo em que enfatize a importância da autonomia nacional na formulação de políticas internacionais.
“A COP 30, marcada para ocorrer em Belém, no Estado do Pará, em novembro de 2025, constitui uma oportunidade histórica para que o Brasil reafirme sua liderança climática global, sem abrir mão de sua soberania e de suas especificidades produtivas”
É necessário fazer uso dessa oportunidade para desconstruir a falsa dicotomia entre produção agrícola e preservação ambiental, frequentemente promovida em fóruns internacionais, uma vez que o Código Florestal Brasileiro, um dos mais rigorosos do mundo, exige que as propriedades rurais inseridas em área de Floresta, na Amazônia Legal, preservem 80% de sua área a título de reserva legal. Esse índice, que não encontra paralelo em qualquer outra nação do mundo, comprova que o agronegócio brasileiro não é um antagonista do meio ambiente, mas sim um aliado estratégico na manutenção da biodiversidade e do equilíbrio climático.
Sabe-se que a proteção de florestas e biomas por parte dos produtores rurais brasileiros não é apenas uma exigência normativa, mas sim uma questão de sobrevivência, já que a produção agrícola depende diretamente da estabilidade climática. Assim, o interesse do produtor rural em conservar o meio ambiente precede a discussão em torno das mudanças climáticas, sendo uma questão intrínseca à atividade agropecuária nacional.
Entretanto, a adoção de metas internacionais e compromissos com a redução de emissões e a promoção de energias renováveis muitas vezes desconsidera as realidades locais, impondo desafios adicionais e sem sentido ao setor produtivo local.
E não menos importante, convém salientar que o nosso país é responsável por práticas inovadoras, como a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o uso de tecnologias de baixo carbono, contribuições que já mitigam os impactos climáticos e também reforçam a posição do agronegócio brasileiro como referência mundial em sustentabilidade. Como consequência, é possível antecipar avanços na efetivação de instrumentos já previstos no ordenamento jurídico, como o aprimoramento do Cadastro Ambiental Rural (CAR) e a ampliação de incentivos econômicos voltados para práticas produtivas de baixo carbono.
Além disso, a COP 30 tem o potencial de catalisar publicações legislativas sobre o pagamento por serviços ambientais e o fortalecimento dos mecanismos de financiamento climático. Nesse contexto, a realização da COP 30 na Amazônia simboliza uma oportunidade única para o Brasil reafirmar sua soberania na gestão de seus recursos naturais, e a escolha de Belém do Pará para sediar o evento não deve ser vista como um mero gesto político, mas como testemunho perene de que a Preservação da Amazônia é um tema caro ao Brasil, capitaneado com responsabilidade e competência.
Contudo, importa esclarecer que a defesa da soberania brasileira não implica a recusa ao diálogo internacional, mas sim na reafirmação de que as soluções para os desafios climáticos globais devem considerar as especificidades de cada nação. Vale frisar ainda que, a Amazônia brasileira[1], muitas vezes vista como patrimônio da humanidade, antes disso é patrimônio nacional e, portanto, é também um componente essencial da economia brasileira.
E por fim, a principal mensagem que o Brasil deve ecoar na COP 30 é a inexistência de antagonismo entre preservação e produção, mas uma relação de complementariedade. É necessário que a comunidade internacional reconheça os esforços já promovidos pelo país, fomentando incentivos financeiros e comerciais que estimulem a adoção de tecnologias cada vez mais sustentáveis, evidenciando ao mundo que o desenvolvimento econômico e a sustentabilidade podem caminhar juntos, ao passo que, sempre iremos reafirmar e defender que o agronegócio brasileiro, com sua relevância estratégica e compromisso com a preservação, é uma prova de que a produção agrícola é compatível com a conservação ambiental, tanto quanto é essencial para alcançá-la.