E se, em terras com um pujante potencial produtivo, chegasse o dia em que a quantidade de alimentos produzida fosse insuficiente para o tamanho da população?
O que pode parecer enredo de filme pós-apocalíptico, está mais próximo de acontecer do que se imagina, conforme os resultados de diversas pesquisas.
De acordo com um novo relatório das Nações Unidas, lançado no dia 17/06/2019, a população mundial deve crescer em dois bilhões de pessoas nos próximos 30 anos, passando dos atuais 7,7 bilhões de indivíduos para 9,7 bilhões em 2050. Assim, será necessário que a produção de alimentos aumente em 70% para equiparar os lados de oferta e demanda.
Nesse sentido, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) projeta que até 2030 haverá a necessidade de ampliar a produção dos seguintes alimentos para atender a demanda mundial: 34% de carne bovina; 47% de carne suína; 55% de carne de frango; 59% de açúcar; 19% de arroz; 83% de milho e 98% de soja.
A Gro Intelligence, empresa de tecnologia de informação agrícola, veiculou que “Em 2027, o mundo pode enfrentar um déficit de 214 trilhões de calorias”. Ou seja, em menos de uma década, é possível que não haja comida suficiente.
Nesse cenário, é imprescindível aumentar a produção, entretanto, há que se levar em conta que os recursos do planeta são limitados. Para o professor de agronomia Harald von Witzke, da Universidade Humboldt de Berlim, é possível fazer com que isso aconteça. O estudioso chama a atenção para o franco crescimento da produção agrícola nas últimas décadas e afirma que apenas 20% é o resultado da ampliação das áreas agricultáveis. “No futuro, precisaremos investir ainda mais no aumento de produtividade para satisfazermos as crescentes necessidades humanas de alimento. O solo será, cada vez, um fator limitante para a produção de gêneros alimentícios”, pondera.
Os especialistas alertam: esse quadro precisa mudar. É indispensável que se invista em pesquisas agrícolas e uma política agrária mais favorável, visando o desenvolvimento da agricultura para sanar essa situação.
Vale ainda lembrar que atualmente, pela desigualdade na distribuição de renda e fatores históricos, geográficos, entre outros, muitas pessoas já passam fome. O quadro tende a piorar caso as pesquisas empreendidas supracitadas se confirmem. Nos países mais pobres, não existe aconselhamento ou acesso a estudos para métodos de cultivo mais eficientes, formação profissional, facilidade para obter créditos, sementes fortes e conhecimento sobre o mercado.
O despreparo e a falta de informação resultam uma perda significativa nas safras, decorrente do combate ineficiente às pragas, erros no manejo de colheita, questões concernentes ao transporte e à armazenagem, bem como ao modo de comercializar.
Os peritos têm um entendimento pacificado quanto à capacidade de produção do planeta em relação ao crescimento populacional. Não há como se falar em uma receita pronta que assegure o abastecimento mundial. O que se agrava pela equação desproporcional, que aponta maior crescimento populacional onde as circunstâncias alimentares já são as mais precárias.
A FAO destaca que uma em cada nove pessoas no mundo (ou cerca de 805 milhões de pessoas) não têm comida suficiente para levar uma vida saudável e ativa. A incapacidade de atender o consumo de alimentos da humanidade, combinada com as projeções de expansão populacional e de cidades, reduzindo a disponibilidade de terras, constitui o centro dos debates nesse sentido.
O Brasil, que está entre os maiores produtores de alimentos do planeta, e o Estado de Mato Grosso, maior produtor nacional, não podem se omitir nessa discussão, tendo em vista a ampla capacidade produtiva, a vocação para o agronegócio e o abastamento de terras de ambos. Trata-se da conservação da vida humana. É o agronegócio o responsável pela segurança alimentar da população.
Em uma terra em que “se plantando tudo dá”, apenas semear não é mais o bastante. É preciso pensar em estratégias, soluções de desenvolvimento sustentáveis, melhor distribuição… E é urgente, é um problema de todos, é preciso falar disso agora.
Fonte: www.rdnew.com.br
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