Uma perspectiva sobre o uso de defensivos agrícolas

Estamos experimentando um momento de muitas incertezas e aguardando ansiosamente a chegada de uma vacina que possa conter a pandemia causada pelo novo coronavírus. A ideia de poder ter uma defesa contra o vírus está alinhada com a valorização da vida.

O raciocínio é o mesmo quando se fala do uso de defensivos agrícolas. Muito mistificados e tão necessários para viabilizar o cultivo de alimentos, os defensivos constituem uma defesa contra organismos que podem impedir a produção. O panorama que se tem atualmente é de uma preocupação com a saúde e a busca por uma vida cada vez mais saudável. O que também é uma preocupação dos produtores rurais.

O agronegócio entrega alimentos, fibras, insumos diversos e outros produtos indispensáveis para a vida; gera empregos; oportunidades, fomenta a economia e contribui para o PIB nacional significativamente. Entretanto, o cotidiano de quem trabalha nesse contexto se caracteriza por constantes desafios e restrições; ao passo de ter que equilibrar essa realidade com o constante aumento de demanda.

Além dos fatores legais que delimitam a atividade, o setor enfrenta intempéries climáticas e biológicas das mais diversas ordens. As plantações são frequentemente atacadas por ervas daninhas, insetos, fungos, roedores e tantos outros que consumiriam toda a lavoura antes de ela poder chegar ao nosso prato, caso não fossem os mecanismos de controle adotados, que, obviamente, dão conta da situação apenas parcialmente.

Não é de hoje que o ser humano busca proteger suas plantações. Segundo dados da National Research Council, há registros de controle de pestes em escrituras gregas de cerca de três mil anos atrás, bem como de esculturas em túmulos egípcios datadas de 2.300 a.C. mostrando gafanhotos comendo grãos. A indústria que produz esse tipo de substância também vem passando por constantes atualizações e pesquisas para melhorar a tecnologia utilizada, auxiliando para que sejam cada vez mais eficazes, e nada prejudiciais. É possível encontrar no mercado atualmente defensivos de atuação tão específica, que interferem exatamente no sistema endócrino dos insetos, dificultando seu processo de crescimento, por exemplo.

É preciso considerar ainda, que os defensivos agrícolas custam caro e não são a única maneira utilizada no campo para controlar a plantação. A agricultura nacional é terreno de muito investimento em ciência, e soma ao emprego de substâncias, o emprego de técnicas integradas de gestão de pragas que consideram interações entre plantas, pestes, solos, climas, biológicos, como predadores ou insetos estéreis, armadilhas, rotação de culturas e uso de fertilizantes. 

“É preciso considerar ainda, que os defensivos agrícolas custam caro e não são a única maneira utilizada no campo para controlar a plantação”

Necessário ponderar também, que existe um controle bastante rígido da aplicação de defensivos agrícolas, políticas verificadas inclusive pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que são ecoantes com outras decisões mundiais. Outro aspecto que vale ressaltar, é que em relação à área cultivada e à quantidade de safras anuais em comparação com outros países, o Brasil utiliza quantidades bastante reduzidas desses produtos.

As pesquisas desenvolvidas em âmbito internacional, norteiam a aplicação dessas substâncias e rapidamente proíbem o uso caso seja detectada alguma toxicidade, além de regulamentar o volume e a frequência de aplicação.

Em que pese a indústria de defensivos agrícolas seja frequentemente pressionada pela sociedade, o que concordamos que aconteça, a fim de que ela se especialize e melhore cada vez mais, como todos os setores da sociedade, ela é imprescindível para a produção em larga escala que alimenta e atende o mundo. É urgente buscar mais informação antes de condenar um mecanismo técnico que contribui para alavancar o agronegócio brasileiro e o desenvolvimento nacional. Sabe aquela vacina tão esperada? Em alguns casos, ela já existe.

Fonte: rdnews.com.br